5.10.11

PRONTUÁRIO DE VÉSPERA

Ouvir a noite aos pingos

gemidos de ungüento
e os frascos vazando suor
como a mesma dor sem oco
pelos corredores
a prescrever reservas.


Pudera alcançar a mão
de que acode o fiel
e pedir em sigilo
um varrer vigoroso
nos quintais d´alma
(...) mas qual
ainda respira de hojes
a dor em festa que resta
para amanhã.
________________________

Célio Pedreira
Vivido numa noite na enfermaria 
no extinto Hospital Comunitário
de Palmas - TO

8.4.10

LIÇÃO DE INSÔNIA



Palavra é entidade rasa  
aprecia vagar-se em noite incompleta  
tentando seduzir verbo  
para fugir da rasura. 


27.3.10

ANINHAR


É mesmo como fosse
abarcando o peito
feito laço cego
caminhando para os olhos.
 
Começou e nem lembro
mas era lua minguante
mas parecia nova.
 
Juntava uma febre
dessas só por dentro
e ninguém pegou.
 
Uma mesa
as cadeiras
a caneca emborcada
ajudando doer.
 
Mas quando um passarin canta
alivia.

9.3.10

DO SABEDOR DE ARQUIPÉLAGOS


Vivia mergulho nos haveres
auscultando mágoas
afeiçoando o dia
em recurso singular
feito invento de durar
como é.


- Vem, hoje me falta sol!
- Aqui, pareço sem absoluto!
- Que doce sua mão...


Esses dias enfileirando as ilhas
no tempo de apuro e utopia
que constrói gente
alça sonhos
com barcos de maria
velas de josé
e singra como é
distinto.
_________________________
poema para o médico de família e comunidade com moradia original em: 
www.sbmfc.org.br/default.asp?site_Acao=MostraPagina&PaginaId=12&acao=MostraCultura&culturaId=3

3.12.09

VILA COVALESCENÇA



As dobras das tardes

invadindo os hábitos

das calçadas viventes

feito tarefa de moça

a ocultar-se.



Sobras de olhar

e mãos desprovidas

cadeira sem espaldar

conversas dormidas.



Tomo posse da vista

para o benefício da comoção

posto que sou encarregado

em bocados de portos.

12.1.09

VACINA


Seu choro brotou
tão quente e sólido
que alcançou meus estreitos.

Assim pedra
ouço sua dor
e trinco-a nos dentes
fazendo em pó
seus inversos.